sábado, 2 de junho de 2012

Simbologia em Memorial do Convento

Convento de Mafra
D. João V, que surge na obra como um monarca libertino e vulgar manda construir um monumento que é símbolo da ostentação régia, da opressão e da vaidade dos poderosos.
      Representa o sacrifício dos operários que construíram o convento, a exploração e miséria do povo que nele trabalhou.
      Quem se sacrifica na construção, acaba por não usufruir dela.

      Passarola
      Traduz a harmonia entre o sonho e a sua realização. Graças ao sonho, foi possível juntar a ciência, o trabalho artesanal, a magia e a arte, para fazer a passarola voar.
      Representa a liberdade, a alternativa a um espaço de repressão, intolerância e violência.
      Contrariamente ao convento, a passarola é utilizada pelos seus construtores, Baltasar, Blimunda e o Padre Gusmão.

      Blimunda  
      Com o seu poder de visão, compreende as coisas sobre a vida, a morte, o pecado e o amor.
      O olhar de Blimunda é o olhar da «História» que o narrador exercita, denunciando a moral duvidosa, os excessos da corte, o materialismo e hipocrisia do clero, as injustiças da Inquisição, o terror, o obscurantismo de uma época, a miséria e as diferenças sociais.
 Número Sete

      Sol
      Como o Sol, que todos os dias tem de vencer os guardiães da noite (mitologia antiga), também Baltasar vence as forças obscuras da ignorância e da intolerância ao voar.

      Lua
      Associada a Blimunda, lembra o seu mágico poder de «ver às escuras», embora este esteja condicionado (só vê o interior das pessoas em jejum e quando não há quarto de lua).
 Cobertor

      Trazido da Holanda pela rainha, torna-se símbolo da separação que marca o casamento de conveniência do casal régio. Exprime a frieza do amor, a ausência do prazer, os desejos insatisfeitos.
 Colher

      Quando partilhada, é um símbolo da aliança, do compromisso sagrado que vai unir para sempre as duas personagens populares. Exprime o amor autêntico, a atração erótica e apaixonada, a vivência plena do prazer.
      Símbolo do ritmo biológico da Terra, traduz a força vital que é representada pelas vontades recolhidas por Blimunda para fazer voar a passarola.
      Associado a Baltasar e ao povo, sugere a ideia de vida, de renovação de energias (o povo trabalha até à exaustão no convento, Baltasar constrói uma máquina, mesmo depois de decepado).
      Sete são as vezes que Blimunda passa em Lisboa, em demanda de Baltasar. Esse número regula os ciclos da vida e da morte na Terra e pode ligar-se à ideia de felicidade, de totalidade, de ordem moral e espiritual.

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