O Sebastianismo foi
um movimento místico-secular que ocorreu em Portugal na segunda
metade do século XVI como
consequência da morte do rei D. Sebastião na Batalha
de Alcácer-Quibir, em 1578. Por falta de herdeiros, o trono português terminou nas
mãos do reiFilipe II da rama espanhola
da casa de Habsburgo.
O povo nunca aceitou a
morte do rei, divulgando a lenda de que ele ainda se encontrava vivo e apenas
estava à espera do momento certo para voltar ao trono e
afastar o domínio estrangeiro.
O seu mais popular
divulgador foi o sapateiro de Trancoso, Bandarra,
que previu nas suas trovas o regresso do Desejado.
O sebastianismo é abordado por Fernando
Pessoa como mito, que exprime o drama de um país decadente, que precisa de
voltar a acreditar nas suas capacidades e nos valores que antigamente lhe
permitiram a conquista dos mares e a sua confirmação no mundo. Diz Fernando
Pessoa (in Obra Poética e em Prosa, vol. III), “Como o último
verdadeiro Rei de Portugal foi aquele D. Sebastião que caiu em Alcácer Quibir,
e presumivelmente ali morreu, é no símbolo do regresso d’El-Rei D. Sebastião
que os portugueses da saudade Imperial projectaram a sua fé de que a família se
não extinguisse”.
Ao longo da Mensagem, a figura
de D. Sebastião evolui do símbolo de um príncipe infeliz, desaparecido em
Alcácer Quibir, no areal (primeira parte), para o mito que vai na “última nau,
ao sol aziago” mas que surgirá entre a cerração” com o “pendão ainda / Do
Império” (segunda parte), para, guardado com Deus, regressar para criar o
Quinto Império. É apresentado, também, como, O Encoberto ou O
Desejado, que volta com o santo Graal (terceira parte).
A hipótese de salvação e regeneração que
D. Sebastião representa para o povo português é a base desta obra, pois é a
partir do mito que se deve tentar transformar a realidade.
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