Os heterónimos surgem da tendência constante que Pessoa tem para a despersonalização e para a simulação.
Ricardo Reis, o primeiro heterónimo, surge em 1912, quando, ao acaso, escreves uns poemas de índole pagã.
Este heterónimo nasceu em 1887, no Porto. Foi médico e esteve no Brasil, visto que se expatriou por ser monárquico. Fisicamente, era um pouco baixo, mas forte, seco e moreno. Foi educado num colégio de Jesuitas. Por educação alheia, é um latinista e por educação própria considera-se um semi-helenista.
Alberto Caeiro surge a 8 de março de 1914, numa tentativa de Fernando Pessoa fazer uma partida a Sá Carneiro - criar um poeta bucólico, complicado e apresentá-lo. Surge então, quando Pessoa escreve o poema "O Guardador de Rebanhos".
Este heterónimo revelou-se como uma reação de Pessoa contra a sua própria existência. Nasceu em 1889, em Lisboa, mas viveu quase toda a vida no campo - sem profissão, nem qualquer educação - e morreu em 1915. Fisicamente, era de estatura média, louro e, embora fosse frágil, dado que morreu de tuberculose, não o aparentava.
Álvaro de Campos, o mais histérico dos heterónimos, surge de uma derivação oposta à de Ricardo Reis, com o poema "Ode Triunfal". Nasceu em Tavira, a 15 de outubro de 1890, às 13:30m. Era engenheiro naval, por Glasgow, mas encontrava-se por Lisboa em inatividade.
Tipo de judeu português, cabelo liso e normalmente apartado ao lado, com monóculo. Teve uma educação vulgar de liceu e depois foi mandado para a Escócia para estudar engenharia (primeiro mecânica, depois naval). Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.