Antes de se pensar num Quinto Império, existia a divisão em quatro
impérios:
- Império
Grego, sintetizando todos os conhecimentos, toda a experiência dos
antigos impérios pré-culturais;
- Império Romano, sintetizando toda a experiência e cultura gregas e fundindo
todos os povos formadores, já ou depois, da nossa civilização;
- Império
Cristão, fundindo a extensão do Império Romano com a cultura do
Império Grego, e elementos de toda a ordem oriental, entre os quais o elemento hebraico;
- Império Inglês, distribuindo por toda a terra os resultados dos outros três
impérios, e sendo assim o primeiro de uma nova espécie -fundindo a cultura
grega, em nenhum lugar tão marcada como em Inglaterra, pois que Milton é o
mais grego dos poetas modernos -a extensão e "imperium" dos
romanos, a moral cristã, em parte alguma tão activa como nos países de
língua inglesa, onde é máxima a actividade cristã.
Então, o Quinto império necessariamente fundirá esses quatro
impérios com tudo quanto esteja fora deles, formando o primeiro império verdadeiramente mundial, ou universal.
"Todo o Império que não é
baseado no Império Espiritual é uma
morte de pé, um Cadáver mandando.
Só pode realizar utilmente o Império Espiritual a nação que for pequena, e em quem, portanto, nenhuma tentativa de absorção territorial pode nascer. (...)
Criando uma civilização
espiritual própria, subjugaremos todos os povos; porque contra as artes e as
forças do espírito não há resistência possível, sobretudo quando elas sejam bem
organizadas, fortificadas por almas de generais do Espírito."
Para Pessoa o Quinto Império não seria, de forma
alguma, material mas sim espiritual, um império que se realiza através das
artes e forças do espírito, que são inalteráveis.
Pessoa sente que a única nação a realizar e conquistar
este Quinto Império é a nação portuguesa, uma vez que é a única que tem a força
espiritual para tal feito. Este, já revelado nos descobrimentos, deve ser agora
voltado para o plano cultural, espiritual.
O único perfil lógico e exequível do nebuloso Quinto
Império cifra-se em desejar que a decadente pátria portuguesa seja portuguesa
com a mesma naturalidade com que a Inglesa é Inglesa.
Assim, construiremos a nossa própria identidade
cultural e espiritual, mais autêntica, universal, capaz de fazer com que
voltemos a ser grandiosos no mundo porque seremos um exemplo de autenticidade e
originalidade a seguir por todas as outras nações.
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